O censo de 2010 revela que, no Rio Grande do Sul, 29% dos 10,7 milhões de habitantes são crianças ou adolescentes. Destes, 73,83% estão frequentando a escola. Serviço especializado, voltado à população escolar, é de suma importância, uma vez que não apenas avalia e diagnostica, mas também encaminha e orienta famílias, escolas, profissionais da saúde e da educação sobre manejo e conduta de escolares com dificuldades de aprendizagem, patologias neuropsiquiátricas, situações de vulnerabilidade e deficiências. Esse mesmo censo demonstra que 2,5 milhões de crianças apresentam alguma forma de deficiência mental ou física (5% com déficits cognitivos moderados a severos).

As dificuldades de aprendizagem quase sempre estão associadas a problemas de outra natureza, sobretudo comportamentais e emocionais.  Crianças e adolescentes com pobre desempenho escolar que atribuem suas dificuldades a causas internas o fazem através do sentimento de fracasso pessoal e de vergonha, bem como tendem a ter baixa autoestima e distanciamento das demandas da aprendizagem. Para os que associam os problemas acadêmicos às causas externas, a tendência é experimentar sentimentos de raiva, hostilidade e outras alterações comportamentais.

Crianças e adolescentes exigem uma abordagem terapêutica que contemple as especificidades das diversas doenças mentais nesta faixa do desenvolvimento. Constata-se a necessidade de treinar profissionais especializados para o diagnóstico e tratamento de crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos, neurológicos e sofrimento psíquico. Assim, equipe interdisciplinar, composta por neurologistas, pediatras, psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos, enfermeiros, assistentes sociais e nutricionistas está apta a diagnosticar, manejar e orientar pais, professores e outros profissionais das áreas da saúde e da educação na complexa abordagem da criança e do adolescente.

Nosso serviço caracteriza-se pelo atendimento de pacientes não apenas da Grande Porto Alegre: 40% da demanda atual são do interior do estado. Apesar dos escassos trabalhos demonstrando o perfil das patologias neuropsiquiátricas na população brasileira de 5 a 17 anos, um estudo realizado na cidade de Taubaté (SP) encontrou prevalência de transtornos mentais de 12,7%, sendo os mais frequentes os transtornos do comportamento disruptivo (7%) e os transtornos de ansiedade (5,2%). Esta prevalência é semelhante à prevalência média em países desenvolvidos, que é de 18%.

O TDAH acomete 5% dessa população, 4% apresentam depressão e, em Porto Alegre, 1% dos habitantes possui epilepsia. Há nítida diferença na quantidade e na apresentação dos casos de psicopatologia entre os grandes centros urbanos e cidades do interior: baixos índices de renda, negligência e abandono contribuem de forma direta para maiores taxas de distúrbio de personalidade, violência, delinquência, dependência química, problemas de aprendizado e depressão.