
Prefácio na íntegra do Livro
Tentando pretensiosamente aproximar o professor da realidade e da sociedade, dei a este livro o título de Psiu Professor – Pesquisa científica em Sala de Aula – ENSINO EXPERIMENTAL, na tentativa de chamar o professor na intimidade das relações sociais. Psiu Professor é um chamamento, para que o professor pense a respeito do ensino experimental como uma atividade que possa aproximar seus alunos das suas realidades, dos seus desafios, e do mercado de trabalho, buscando contextualizar o mundo do aluno através da experimentação, da observação e da constatação dos fenômenos observáveis.
Mais do que urgente é imprescindível que se aproxime a escola da realidade, da sociedade e do mercado de trabalho. Mas como essa aproximação pode ser conseguida e perseguida?
É uma caminhada que a escola deve trilhar, bem como professores, alunos, administração, tecnologias disponíveis, programa pedagógico, práticas docentes, e muita, muita disposição para aprender e fazer ciência do seu conhecimento e da maneira como este conhecimento pode chegar até aos alunos e transformar seu modo de aprender e compreender o mundo.
Hoje, muitos professores, educadores e gestão de escola, absorvem com tanta rapidez as tecnologias que estão na sociedade, no mercado de trabalho, no dia a dia de nossos alunos, que muitas vezes não a contextualizam no processo de ensino e aprendizagem, dentro de uma proposta pedagógica que aproxime a escola da sociedade, que diminua a distância em relação ao mercado, e que faça o aluno pensar, refletir, questionar, problematizar, colocá-lo como agente de mudança, provocar no aluno a ação sobre os objetos que os cerca.
Professor Pesquisador - Um desafio

Soluções? Podem ser muitas, sugerimos neste livro uma maneira para melhorar a práxis do professor, através da pesquisa científica, da publicação de seus trabalhos, e mostrar aos alunos que eles mesmos podem produzir seus conhecimentos através da pesquisa dos fenômenos observáveis.
O ensino promovido pela atividade experimental requer do professor profundas reflexões sobre a sua maneira de ver o mundo, de entender o conhecimento, e de como ele pode ser transmitido aos alunos para que o ensino lhes faça sentido. E este sentido é fundamental se queremos que este conhecimento dure mais tempo do que o período escolar.
Este livro está longe de ser uma obra completa sobre como realizar pesquisa em sala de aula e de como o professor pode publicar artigos científicos de seus experimentos, mas o que se pretende é despertar o professor para práticas educativas e pedagógicas que contemplem atividades experimentais em sala de aula.
O desafio dessa modalidade de ensino consiste em buscar outras maneiras de se observar as ocorrências, os fenômenos, as evidências, e que a educação, de uma maneira geral, possa responder de outra maneira as perguntas, além do quadro-negro ou branco, do giz ou pincel e da saliva ou livro.
Desenvolver pesquisa em sala de aula requer que o professor pesquise antes como esta abordagem pode ser empregada, que materiais podem ser utilizados, como se farão os questionamentos para se produzir hipóteses e experiências que as comprovem ou que as refutem.
A proposta principal deste livro é fornecer as condições ideais de como a pesquisa científica em sala de aula pode ser escrita, com a participação efetiva dos alunos em todo o processo e culminar na produção de artigos científicos que possam ser publicados em revistas e periódicos especializados nacionais e internacionais.
O livro parte do pressuposto que o professor já fez a discussão anterior da metodologia do ensino experimental e das vantagens desta prática educativa. Mostra todas as etapas de como produzir a pesquisa científica em sala de aula, respeitando as normas de como escrever a pesquisa experimental, segundo as regras da ABNT.
E, em seguida, mostra como escrever o artigo científico sobre as pesquisas realizadas, também conforme as normas técnicas da ABNT. Mostra também as principais residências dos bancos de artigos publicados no Brasil e de como publicar em revistas e periódicos.
Este tema do ensino experimental sempre instigou professores a buscar um projeto de pesquisa que pudesse transformar a sala de aula num imenso laboratório de experimentos, onde se buscasse a melhor maneira de se aprender e entender os fenômenos químicos, físicos, matemáticos, lingüísticos, históricos, geográficos, biológicos, mas nem sempre encontraram uma referência que os ajudasse a realizar esta trajetória.
E assim, escrevendo este livro e oportunizando para todos que o lerem, que é possível ensinarem de tal maneira, e que produza no aluno uma aprendizagem que lhe seja significativo, e que ele aprenda de fato, através da compreensão desses fenômenos. Não é nada difícil, temos que trabalhar apenas um músculo, aquele que leva o seu saber até o papel através de uma linguagem que você irá aprimorar e se desenvolver, eu garanto. E para ajudar a importância do que tento mostrar cito as palavras de Paulo Freire, quando diz: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
É isso que busco nesta obra, chamar a atenção dos professores para que estes transformem a sociedade deixando seus legados escritos nos anais dos congressos, das feiras, dos periódicos e revistas. Se os professores fazem dentro das salas de aula os projetos acontecerem, as feiras de ciências, de história, de matemática, de física, de química e de todas as demais disciplinas, então são possíveis também que estes saberes possam ser levados aos outros professores que precisam dessas informações, que precisam buscar estas ideias para que juntos com as deles toda a sociedade evolua, se desenvolva, e melhore.
Adoraria ver meu livro nas melhores estantes do país, nas gôndolas principais das livrarias e chegando a todas as mãos que precisam destas dicas para se impulsionar frente a um novo momento em suas vidas. Mas também torço para que mais tarde, exemplares deste livro estejam nos sebos de todo o país e serem descobertos por professores que buscam ali sementes adormecidas só aguardando suas mentes para se florescerem e transformarem, como diz FREIRE, à sociedade. Quero provocar no docente uma nova pedagogia. A Pedagogia da Descoberta.
Vou ficar aqui torcendo para que cada professor que conseguir sair da sala de aula e compartilhar com a comunidade o seu saber, a sua experiência e a sua expertise, possa ver a sua realização causar terremotos do outro lado do mundo com o bater das asas de uma borboleta. Suas pesquisas se multiplicarão e suas ideias irão transformar sua rua, sua cidade, seu estado e seu país. Seus experimentos e suas aplicações pedagógicas irão se conectar a milhões de outros experimentos e a outras aplicações pedagógicas e essa sinergia e simbiose proporcionada pela literatura e pela descoberta terá realizado as grandes transformações que o mundo espera pacientemente desde que a escrita mudou a velocidade da evolução humana.
Mãos à Obra Professor! Ninguém está pedindo para realizares o impossível, mas apenas a concretização do seu possível, da sua genialidade, da sua competência. Construa a sua vida pública intelectual, já que construístes com sucesso a sua vida profissional.
E aos que ainda não tiveram a oportunidade de criar seus inventos e experimentos na sala de aula, comecem hoje mesmo, depois também escrevam, e parafraseando Martin Buber (1878-1965), pois o Homem só constrói o EU através da interação com o TU. Mas é no NÓS que ele aprende e se desenvolve cognitivamente.

Interdisciplinaridade - Uma Educação em Rede
A proposta dessa obra se constitui em conhecer algumas questões relacionadas às práticas pedagógicas interdisciplinares, e como essas práticas se estabelecem numa dimensão institucional privilegiada essencialmente pelo regime curricular e disciplinar. Também procura discutir em que contexto didático elas podem acontecer, como elas se configuram na praxiologia docente, como é possível ouvir duas ou mais disciplinas em sala de aula auxiliando o processo de ensino-aprendizagem, e os primeiros passos que podem ser dados, sem se constituir em profundas mudanças institucionais ou econômico-financeiras, embora estas abordagens devam ser consideradas num segundo momento.
A introdução de oficinas como forma de se atingir os objetivos propostos foi à maneira encontrada para mostrar aos alunos e professores como atuar em ambientes interdisciplinares, mesmo levando-se em consideração que as oficinas são, por natureza, interdisciplinares.
Os ensaios foram criados para sensibilizar professores e alunos do Projeto Paidéia. Este projeto é uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com o Colégio Israelita Brasileiro, que servirá de laboratório de neuroeducação, para experimentações nas pesquisas que se pretende desenvolver e a implantação de metodologias e ações interdisciplinares. Aproveitaram-se as oficinas já existentes no Colégio para introduzir os conceitos e metodologias abordadas acima. As oficinas foram agrupadas por núcleos distintos: núcleo de ciência e tecnologia, núcleo educacional de empreendedores, núcleo de cultura e erudição, núcleo de produção musical.
Das oficinas existentes escolhemos doze, cujos temas pudessem ser mais bem trabalhados os conceitos interdisciplinares e as questões de experimentação científica em sala de aula. Em cada uma das oficinas, escolhemos dois momentos interdisciplinares, envolvendo dois ou mais professores: uma atividade no início da oficina e outra no final das aulas. Alunos e professores deverão construir um projeto de pesquisa envolvendo a interdisciplinaridade e a experimentação científica em sala de aula. No final todos darão seus depoimentos sobre a metodologia aplicada, resultados dos experimentos apurados e a construção de um artigo científico a ser publicado em periódicos respectivos aos assuntos construídos.
Neste livro foi descrito um ensaio para cada oficina, dissertando sobre o tema proposto em cada uma delas, as epistemologias e pedagogias próprias, os conceitos devidamente esclarecidos, a questão da aplicação da interdisciplinaridade relativa ao tema estudado e a metodologia referente à experiência científica em sala de aula.
A análise dos resultados será publicada no segundo semestre de 2012, juntamente com os pareceres dos alunos, professores, gestão e pais. Queremos que toda a escola participe do projeto Paidéia que buscará na essência discutir metodologias e práticas pedagógicas que contemplem um ensino para além da escola e uma educação para toda a vida.
Estes resultados serão publicados no segundo volume de ensaios, com os respectivos resultados das pesquisas científicas realizados em sala de aula, os aspectos da interdisciplinaridade e a análise do projeto geral. O importante ressaltar no final do projeto é como os professores se sentiram diante das experiências de interdisciplinaridade?, como foram as trocas docentes diante dos alunos?, como os alunos se sentiram recebendo enfoques e epistemologias diferentes sobre os temas estudados?, e as experiências científicas em sala de aula, trouxeram mais luz aos entendimentos? Estas e outras questões terão respostas no final das oficinas e dos projetos de pesquisa escolhidos.
Também serão publicados os dados sobre as oficinas escolhidas para o segundo semestre, bem como os projetos de pesquisas para cada uma delas, gerando artigos no formato ensaios. Todos os artigos científicos gerados das pesquisas científicas em sala de aula e dos momentos interdisciplinares serão publicados no periódico intitulado Revista Paidéia, pela Editora Alcance, de publicação semestral, prevista para agosto e janeiro.
Os trabalhos também serão publicados em feiras e congressos nacionais e internacionais mostrando aos demais grupos de estudos destas metodologias à experiência vivenciada.